segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 


Na minha infância ainda não havia televisão. Minha mãe tinha espírito jovem, ela brincava conosco, fazia vestidinhos para as nossas bonecas, colares com as sementes de uma planta chamada “Lágrimas  de nossa senhora”, e assim preenchia o nosso tempo.  Ela sabia que nós gostávamos de ouvir histórias. Nos  fascinava a forma como mamãe contava essas histórias porque ela imitava a voz dos animais, do Gigante, do Gato de Botas  etc. Quando ela não tinha o que contar, ela as inventava, além das fábulas já  conhecidas. Dessa forma ela nos mantinha próximos dela e aproveitava para dar-nos algum ensinamento.

Quando ela terminava,  nós juntas gritávamos: Moral da história!

Uma das nossas fábulas preferidas era a do Compadre Gavião e da Comadre Coruja.

Minha mãe contava que a dona coruja encontrou o compadre gavião que estava caçando. Ao vê-lo, ficou preocupada, então chegou gentilmente ao compadre e disse-lhe: Bom dia compadre Gavião! Bom dia,  disse o compadre. Compadre gavião, por favor,  não pegue os meus filhinhos, eu também estou caçando alimento para eles,  não irei tardar, e eles ficaram sós lá no ninho.

O compadre retrucou: Mas comadre, como eu vou conhecer os seus filhos? (quando filhotes, eles não estão com a plumagem definitiva).

Ela disse: É fácil compadre, os filhotes mais lindos que você encontrar, são os meus filhinhos!  Ok, comadre, fique tranquila!

A comadre coruja continuou na sua caçada e o compadre gavião também. Logo ele encontrou um ninho com vários filhotes. Pensou, estes não devem ser os filhotes da comadre coruja. Que filhotes feios, olhudos... ela disse que os dela são lindos!

O compadre gavião levou os filhotes para a sua casa. Ao regressar,  a comadre coruja não encontrou os seus filhotes, ficou vermelha de raiva e saiu disparada à casa do compadre, lá chegando foi gritando .  Compadre gavião,  pode ir devolvendo os meus filhos que você carregou, agora!

O Compadre se assustou e disse: Desculpe, comadre, mas você disse que eram os filhotes mais lindos... por isso os carreguei.

Moral da estória: Para as mães, os seus filhos são sempre os mais lindos, ela os ama e cuida.

 Rosa Maria Ferreira Cunha

 

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