segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 


Estava pensativa, de repente comecei a rir, é que lembrei de um fato ocorrido na minha infância. Minha mãe costurava muito bem, sempre ela tinha costura para fazer.

Na nossa Casa Grande (assim a chamávamos) havia um cômodo pequeno perto da cozinha e ali estava a máquina de costura da mamãe, uma Singer de pedal e um grande espelho.

Minha mãe cozinhava e costurava ao mesmo tempo. Nosso quintal era grande, naquela época em Belém os quintais eram grandes. Papai viajava para o baixo Amazonas e como ele gostava de ver o quintal cheio de animais, quando voltava da viagem trazias vários animais. Tínhamos papagaio, araras jabuti (naquela época não era proibido), perus, galinha comum e galinha d’angola etc.

Papai mandou fazer um lago no final do nosso terreno aproveitando um filete de água que corria, ali tínhamos peixes e os patos nadavam com seus patinhos amarelinhos.

Era bonito ouvir o canto dos animais, após colocarem os ovos as galinhas cantavam e nós íamos recolher os ovos, e as galinhas d’angola cantavam o seu tradicional tô fraco, tô fraco, tô fraco!

Mas o motivo do meu riso foi a lembrança de um lindo galo, que era o xodó do papai, ele era cor de mel, grande, alto, imponente, tinha uma linda crista, e cantava muito forte. Quando ele batia as asas para cantar se ouvia o barulho na vizinhança.

Acontece que quando a mamãe se descuidava e deixava a porta aberta da cozinha, o galo entrava e ao ver a sua imagem refletida no espelho, acreditava ser de outro galo e começava a brigar, dando bicadas  no espelho. Algumas vezes a mamãe não ouvia pelo barulho da máquina e a  panela de pressão, e quando ela levantava para olhar a panela, ali estava o galo exaurido e abatido de tanto brigar. Mamãe o tirava daquele ringue imaginário e  colocava água fria na cabeça dele.

Moral da estória: As vezes as pessoas sofrem,  porque conflitam consigo mesmo. A Bíblia diz: Lançando sobre Ele  Ele  toda a vossas ansiedade, porque ele tem cuidado de vós . Ipe.5:7

Rosa Maria Ferreira Cunha

 

 

 

 

 


Na minha infância ainda não havia televisão. Minha mãe tinha espírito jovem, ela brincava conosco, fazia vestidinhos para as nossas bonecas, colares com as sementes de uma planta chamada “Lágrimas  de nossa senhora”, e assim preenchia o nosso tempo.  Ela sabia que nós gostávamos de ouvir histórias. Nos  fascinava a forma como mamãe contava essas histórias porque ela imitava a voz dos animais, do Gigante, do Gato de Botas  etc. Quando ela não tinha o que contar, ela as inventava, além das fábulas já  conhecidas. Dessa forma ela nos mantinha próximos dela e aproveitava para dar-nos algum ensinamento.

Quando ela terminava,  nós juntas gritávamos: Moral da história!

Uma das nossas fábulas preferidas era a do Compadre Gavião e da Comadre Coruja.

Minha mãe contava que a dona coruja encontrou o compadre gavião que estava caçando. Ao vê-lo, ficou preocupada, então chegou gentilmente ao compadre e disse-lhe: Bom dia compadre Gavião! Bom dia,  disse o compadre. Compadre gavião, por favor,  não pegue os meus filhinhos, eu também estou caçando alimento para eles,  não irei tardar, e eles ficaram sós lá no ninho.

O compadre retrucou: Mas comadre, como eu vou conhecer os seus filhos? (quando filhotes, eles não estão com a plumagem definitiva).

Ela disse: É fácil compadre, os filhotes mais lindos que você encontrar, são os meus filhinhos!  Ok, comadre, fique tranquila!

A comadre coruja continuou na sua caçada e o compadre gavião também. Logo ele encontrou um ninho com vários filhotes. Pensou, estes não devem ser os filhotes da comadre coruja. Que filhotes feios, olhudos... ela disse que os dela são lindos!

O compadre gavião levou os filhotes para a sua casa. Ao regressar,  a comadre coruja não encontrou os seus filhotes, ficou vermelha de raiva e saiu disparada à casa do compadre, lá chegando foi gritando .  Compadre gavião,  pode ir devolvendo os meus filhos que você carregou, agora!

O Compadre se assustou e disse: Desculpe, comadre, mas você disse que eram os filhotes mais lindos... por isso os carreguei.

Moral da estória: Para as mães, os seus filhos são sempre os mais lindos, ela os ama e cuida.

 Rosa Maria Ferreira Cunha