Nasci em uma família católica,
simples mas muito honrada, considerada pelos amigos e vizinhos. Meu pai e minha
mãe se conheceram no lar dos seus padrinhos.
Meu pai, assim que meus avós se
separaram, foi morar com o seu padrinho
que era um abastado comerciante naquele lugar do Marajó-Pará, e minha mãe,
a pedido da madrinha foi morar com esse mesmo casal. Ali se conheceram e surgiu
uma grande amizade que se transformou em amor. Meu pai aprendeu tudo que dizia
respeito ao comércio com seu padrinho e minha mãe tudo que uma dona de casa
precisa saber. Por fim casaram-se. Dessa união nasceram seis filhos, dois
meninos e quatro meninas. Os meninos faleceram ficando as meninas: Francisca
Maria, Rosa Maria, Maria das Graças e Márcia Maria. Meu pai depois de algum
tempo passou a comerciar nos rios, ele levava suprimentos variados para vender
aos habitantes das margens dos rios, de tudo um pouco: ferramentas, tecidos,
alimentos (café, açúcar etc), e alguns tipos de medicamento . Essas viagens
duravam meses (dois ou três), assim que ficávamos sempre com minha mãe, que
conversava muito conosco, nos orientava, eramos uma família feliz. Passarei a
contar-lhes a forma como Cristo me escolheu. Por que digo: Me escolheu? Pelo
que está escrito em Jo.15:16 " Não fostes vós que me escolhestes a mim,
pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros..." Eu tinha nove anos, quando
ouvi pela primeira vez o Evangelho, em uma aula de religião no Grupo Escolar
onde estudava. Eu escapei da minha aula de religião com a Madre Superiora do
Colégio ao lado da minha escola e fui para a aula dos evangélicos
(protestantes) atraída pelos corinhos e
as palmas das outras crianças que acompanhavam os cânticos. Fiquei impressionada
pela forma que aquela irmã (da igreja Assembléia de Deus) ensinava. Cheguei feliz
em casa contando a novidade. Passado alguns dias uma vizinha que era deficiente,( andava em uma cadeira de rodas) era membro da igreja Adventista, pediu à
minha mãe para que a acompanhássemos à escola Sabatista. Minha mãe deixou. Tudo
me atraiu, voltei mais encantada com os corinhos e as histórias contadas no
flanelógrafo. Deus preparou tudo para nós, porque os donos da casa que alugávamos eram
membros da II igreja Batista em Belém, e nos convidaram para irmos à igreja deles. Minha
mãe concordou ir com eles na quarta-feira e lá aceitou a Jesus como seu salvador, e nós iríamos no
domingo, na Escola Dominical. Foi uma manhã maravilhosa, fiquei encantada com
os corinhos sobre missão, cantados com gestos e a bela historinha do Sorvete
Missionário, ganhei um desenho com um versículo, aquilo foi muito importante para mim, eu tinha encontrado o meu
lugar. Quando fomos com as outras classes para a nave da igreja, eu e minhas
irmãs aceitamos a Jesus como nosso salvador pessoal. Isso foi no dia 19\05\54 às 11 da manhã. Minha irmã de 12 anos, eu
de 9, minha terceira irmã de 5 anos. Depois nasceu outra menina (as quatro casaram com pastores). Fomos presenteadas com um livrinho do Evangelho de São João, na capa tinha um
pastor com suas ovelhas e uma ele a tinha em seus ombros. Esse livrinho
mantenho até hoje, a ansiedade era tão grande de conhecer, que o li rapidamente. Naquela época
não era fácil adquirir a Bíblia completa, Antigo e Novo Testamento, e eu tinha
um grande desejo de conhece-la. A igreja passou a anunciar sobre o batismo nas
águas, e eu fiquei ansiando pelo batismo. Minha irmã se inscreveu para fazer o
curso dos Catecúmenos, e eu, sobrei, porque não tinha idade. Fui com o meu
pastor Severino Angelo de Andrade e pedi, cheguei a implorar que me batizasse.
Ele me lançou um desafio, o batismo seria em agosto, faltavam três meses. Se
você ler todo o Novo Testamento nesse período, eu batizo você. Aleluia! Li, e
fui batizada. Na classe das crianças se falava muito em missões, aliás a
denominação Batista tem uma tradição missionária. Eu comecei a amar Missões, a
adotar um país ou um missionário para orar por ele. Quando eu ouvi a
história da Menina da Capinha Missionária, chorei muito, sempre fui chorona,
pensei, quero ser como aquela menina da Capinha Missionária. Meu pai tinha um
único irmão, chamado Cirilo, ele saiu de casa bem jovem e desapareceu, a
família o tinha por morto. Um belo dia ele apareceu em nossa casa e contou-nos
que aceitou a Jesus e era membro da Assembléia de Deus, desde então passou a
procurar o seu único irmão para falar-lhe de Jesus a ele e a sua família. Nós
já eramos evangélicos exceto o nosso pai. Ele falou-nos do Batismo com o
Espírito Santo, mostrando-nos em Atos dos Apóstolos, que eu já havia lido, mas
não tinha entendido. Fiquei interessada nesse outro batismo, pensei que era o
pastor que batizava. Meu tio era de profissão ferreiro e também músico, tocava
violão, cavaquinho, banjo, violino, trombone, clarinete e também acordeon. Ele
nos levou para conhecer a família dele, a tia Julieta e os filhos, Raimundo
(Diquinho), Manoel, Maria, Aluísio, Domingos e Manuel Conceição (gêmeos).
Depois nasceram outros Ruthe, Raquel, Josué e Moisés. A família era grande
porque ambos tinham filhos do primeiro casamento, minha tia Julieta era viúva
quando conheceu meu tio. Ganhamos uma linda família e muitos primos, quando nos reuníamos, titio tocava e nós cantávamos em duas ou três vozes. Titio
vinha buscar-nos sempre para irmos à sua igreja, me interessei pelas reuniões de
oração. Um belo dia Jesus me batiza com o Espírito Santo, não existe na
terra outra alegria maior depois da salvação. Transbordei em línguas, cantei hinos espirituais e
Deus me usou em profecia, tudo no mesmo dia. A minha fome das coisas de Deus
era tão grande, que Ele me deu tudo de uma vez. Aleluia! Passado esse momento,
pensei, como vou contar para o meu pastor? Naquela época a única igreja
pentecostal era a Assembléia de Deus, não havia igrejas Renovadas. Criei
coragem, e fui ao meu pastor e contei. Ele me ouviu e me fez algumas perguntas
e depois me falou: Essa experiência foi só para você, não fale mais nessa
língua e não precisa contar pra ninguém. Eu concordei, sempre fui obediente aos
meus pastores e líderes Isso aprendi na Escola Dominical, a obediência, levar a
Bíblia para a igreja, o cantor, a
oferta, aprendi sobre o dízimo, desde então sou dizimista, essa bênção eu ensinei aos meus filhos e hoje ensino
aos meus netos, todos são dizimistas. Um dia era a Santa Ceia, na igreja só
havia um piano, a pianista Damaris tocava o prelúdio e o nosso pastor descia e
entregava-nos o pão, em seguida o vinho, em copinhos de vidro. Quando ele me
entregou o vinho, eu tive uma experiência pela primeira vez. Eu tive uma visão
do Calvário. Vi a cruz rústica, havia sangue nela, um manto pequeno branco
ensanguentado no chão, vi alguns pregos retorcidos, a terra rachada em algumas
partes e o sangue escorria pelas aquelas fendas da terra, dava a impressão de
que Jesus havia sido tirado naquele momento dali. Nesse momento não me contive, passei a falar
em línguas estranhas, fazendo barulho, como não tinha ensino,não soube me
controlar. Derramei o vinho, quebrei o copinho... o pastor ficou ali parado me
olhando. Quando me controlei, ele me estendeu novamente a bandeja para pegar
outro copinho. Eu olhei nos seus olhos, e nunca vi um olhar tão triste, era
como dizer: Você não obedeceu o que lhe falei! Fiquei triste e angustiada, fui
para casa e não queria voltar a noite, mas fui, minha mãe me levou. O pastor me
chamou ao gabinete pastoral e me disse: Magno ( meu sobrenome de solteira),
você deve procurar a igreja Assembléia de Deus, é lá o seu lugar, você vai
crescer lá. Aqui nós não aceitamos as línguas estranhas. Foram cinco anos na
igreja Batista, lá aprendi muito, os hinos do Cantor Cristão me comovem,
algumas vezes canto no culto doméstico. Depois disso vim para a Assembléia de
Deus, a minha igreja, aqui cresci no Senhor. Tive pastores grandes mestres na
Bíblia, é uma igreja que tem um fervor missionário. Deus me preparou para sete
longos anos que estudei (semi-interna) em um colégio de freiras, através de uma
bolsa de estudos conquistada através da Madre Superiora que ensinava religião
na minha escola.Fui a melhor aluna do ano e me presentearam essa bolsa, fui a primeira
evangélica a ser recebida em uma escola de religiosas no Pará. Deus me deu graça, não
neguei minha fé e conquistei amizades. Casei-me com Inezilo do Nascimento Cunha
e saímos para a Obra Missionária, no Piauí, na Bolívia, Maldonado (Perú), na Itália (Roma), em Goias e
no Distrito Federal. Por questões várias passamos por vários ministérios, nunca porém, por indisciplina ou má conduta. Sempre fundando trabalhos, construindo
templos para abrigar o povo, fundando escolas e Colégio, alfabetizando adultos
tudo visando enriquecer o Reino de Deus. Agradeço à Igreja Batista e a minha
igreja Assembléia de Deus pela formação que tenho, pelo cuidado e pelo amor.
Quando vou à Belém procuro a minha igreja na 14 de março com a Av. Governador
José Malcher. Essa é a minha história!
(faz parte do meu blog rosamariacunha2012blogspot.com)
Uma história de fé, um exemplo para mim e para todos que poraqui pasarem...Deus o abençoe querida irmã, aprendi muito com suas história de vida e mensagens
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ResponderExcluirRosa, querida, que linda e inspiradora história. Somente a eternidade revelará os frutos de sua obediência e dedicação a esse tão importante chamado. Que Deus continue usando-a para sua glória
ResponderExcluirMuito linda sua história minha tia Rosa, que Deus abençoe ainda mais a sua vida e seu ministério.
ResponderExcluirAleluia! Deus é prime em nossas vidas Tia, tenho muito orgulho das minhas raízes e alegro- me em ter parentesco com a senhora!
ResponderExcluirAmém, glória a Deus!
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