segunda-feira, 7 de outubro de 2019

AS FÉRIAS DA MINHA INFÂNCIA!



NO MARAJÓ OS RASTOS LUMINOSOS

 Quando eu era menina, minha mãe me mandava nas férias para a casa da minha avó Eduarda Magno, assim que eu entrava de férias. Ali eu passava uma semana. Minha vó morava na Vila de Santo Antônio, no Marajó. A casinha ficava de frente para o rio e na lateral direita passava um lindo Igarapé, com água fria e gostosa para o banho. Minha vó e minha tia mantinham limpo aquele quintal, que lá se chama terreiro. Eu ficava 
sentada à frente da casa vendo os barcos e navios passarem, no rio, e no igarapé passavam as canoinhas carregadas de frutas, rasas ( cestas) de açaí e carne de caça, ou ela inteira, assada no moquém (defumadas). Eu esperava com ansiedade esses vendedores para a minha avó comprar frutas para mim.
Certo dia minha vó me disse: Rosinha, pegue um balde de água para mim lá no porto ( no rio grande). O balde era do fruto da cuieira (árvore da cuia), eles faziam um orifício para se colocar a mão e limpavam o conteúdo, tornando-o um balde perfeito e bonito. Os ribeirinhos costumavam cortar uma árvore de buriti fazer um buraco em uma das extremidades por onde passava uma estaca, assim, quando a maré crescia o buritizeiro flutuava , e quando secava ele se mantinha no lugar permitindo que se pegasse água fresquinha lá na pontinha do buritizeiro. Eu peguei o balde e fui muito contente, porque a água movia um pouco o buritizeiro e para mim era muito legal. Acontece que eu me detive olhando uns rastos luminosos que passavam por cima do enorme caule e brilhavam sob os raios do sol. Tardei muito a trazer a água para a minha avó, ela perguntou-me por que demorei tanto. Contei-lhe o porque, ela me disse minha filha , são os rastos do caracol, eles caminham de noite, você não os vai encontrar, porque eles apenas passaram por ali. Realmente nunca encontrei o caracol, sabia que eles haviam passado pelos rastros luminosos que deixavam.
Eu cresci e nunca esqueci esse fato. Não precisava ver o molusco, para saber que ele havia estado ali, os rastos o denunciavam. Hoje eu penso, que quando somos cheios do Espírito Santo , as marcas, as pegadas do nosso andar são como rastos luminosos. Esses rastos precisam ser vistos através do nosso caráter, da nossa fé, da nossa vida com Deus. Se fala muito e se vive pouco o que se fala. Nós como cristãos, só influenciaremos esta geração se os nossos rastos forem luminosos, "que vejam as nossas boas obras e glorifiquem a nosso Pai que está nos céus." Vivamos sem perder a nossa identidade cristã,
vivamos como se Cristo tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e voltasse amanhã; mantendo a sua Palavra quentinha no coração. Só assim estaremos realmente agradando a Deus e mantendo a santificação sem a qual ninguém poderá vê-lo. Deus seja louvado!
Missionária Rosa Maria Ferreira Cunha

Nenhum comentário:

Postar um comentário