segunda-feira, 7 de outubro de 2019

VIAJANDO NA MARIA FUMAÇA!


 Era muito gostoso viajar de trem. Como eu gostaria que ainda hoje na minha terra, Belém, voltasse esse meio de transporte. Lembro quando íamos com minha vó professora Joaquina Costa para Apeú-Pará. Era uma emoção viajar de trem, esperávamos com ansiedade viajar na famosa Maria Fumaça. Na véspera da viagem não dormíamos, na expectativa da hora da viagem. Minha avó dizia: Vamos com roupas bem simples, porque acontece de sair faíscas da máquina do trem, que queimam a roupa (pequenos furos). Fazíamos como a vovó dizia.
O apito do trem era emocionante, dava um frio na barriga, aquele barulho tradicional ( café com pão, bolacha não, café com pão, bolacha não, café com pão, bolacha não ), era assim que entendíamos o barulho da marcha do trem, era delicioso. Minha vó comprava na quitanda perto da sua casa, deliciosas frutas, como: uxí, umarí para nós comermos na viagem. Nem bem a Maria Fumaça saía, e nós já estávamos pensando em comer as frutas. Só a viagem era uma festa. Minha vó ia nos falando dos prédios e instituições por onde passávamos e dizia aqui funciona ou funcionou tal coisa, este é o famoso Colégio Lauro Sodré, e assim ia nos informando a viagem toda. Minha vó era professora normalista, trabalhava no Grupo escolar Doutor Freitas e também dava aula particular, era muito conceituada e amada. São "recuerdos inolvidables" daquele tempo, que me deixou muitas saudades. Tenho gratidão pelas pessoas que me ajudaram no meu crescimento e formação, como minhas avós e meus pais Alguém escreveu que a gratidão é a memória do coração. Meu coração não esquece. Me agradaria muito passar essas experiências aos meus netos, mas o mundo modificou, eles viverão outras experiências e também agradáveis, que por certo não esquecerão.
Missionária Rosa Maria Ferreira Cunha

AS FÉRIAS DA MINHA INFÂNCIA!



NO MARAJÓ OS RASTOS LUMINOSOS

 Quando eu era menina, minha mãe me mandava nas férias para a casa da minha avó Eduarda Magno, assim que eu entrava de férias. Ali eu passava uma semana. Minha vó morava na Vila de Santo Antônio, no Marajó. A casinha ficava de frente para o rio e na lateral direita passava um lindo Igarapé, com água fria e gostosa para o banho. Minha vó e minha tia mantinham limpo aquele quintal, que lá se chama terreiro. Eu ficava 
sentada à frente da casa vendo os barcos e navios passarem, no rio, e no igarapé passavam as canoinhas carregadas de frutas, rasas ( cestas) de açaí e carne de caça, ou ela inteira, assada no moquém (defumadas). Eu esperava com ansiedade esses vendedores para a minha avó comprar frutas para mim.
Certo dia minha vó me disse: Rosinha, pegue um balde de água para mim lá no porto ( no rio grande). O balde era do fruto da cuieira (árvore da cuia), eles faziam um orifício para se colocar a mão e limpavam o conteúdo, tornando-o um balde perfeito e bonito. Os ribeirinhos costumavam cortar uma árvore de buriti fazer um buraco em uma das extremidades por onde passava uma estaca, assim, quando a maré crescia o buritizeiro flutuava , e quando secava ele se mantinha no lugar permitindo que se pegasse água fresquinha lá na pontinha do buritizeiro. Eu peguei o balde e fui muito contente, porque a água movia um pouco o buritizeiro e para mim era muito legal. Acontece que eu me detive olhando uns rastos luminosos que passavam por cima do enorme caule e brilhavam sob os raios do sol. Tardei muito a trazer a água para a minha avó, ela perguntou-me por que demorei tanto. Contei-lhe o porque, ela me disse minha filha , são os rastos do caracol, eles caminham de noite, você não os vai encontrar, porque eles apenas passaram por ali. Realmente nunca encontrei o caracol, sabia que eles haviam passado pelos rastros luminosos que deixavam.
Eu cresci e nunca esqueci esse fato. Não precisava ver o molusco, para saber que ele havia estado ali, os rastos o denunciavam. Hoje eu penso, que quando somos cheios do Espírito Santo , as marcas, as pegadas do nosso andar são como rastos luminosos. Esses rastos precisam ser vistos através do nosso caráter, da nossa fé, da nossa vida com Deus. Se fala muito e se vive pouco o que se fala. Nós como cristãos, só influenciaremos esta geração se os nossos rastos forem luminosos, "que vejam as nossas boas obras e glorifiquem a nosso Pai que está nos céus." Vivamos sem perder a nossa identidade cristã,
vivamos como se Cristo tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e voltasse amanhã; mantendo a sua Palavra quentinha no coração. Só assim estaremos realmente agradando a Deus e mantendo a santificação sem a qual ninguém poderá vê-lo. Deus seja louvado!
Missionária Rosa Maria Ferreira Cunha


EXPERIÊNCIA VIVIDA PELA MISSIONÁRIA ROSA MARIA EM CALDAS NOVAS HA ALGUM TEMPO ATRÁS!

IMPRESSIONADA! 
  A  AFLIÇÃO DO BEM-TE-VI

Ontem, ao cair da tarde em Caldas Novas, estava na sacada do meu apartamento observando as araras que comiam e faziam barulho no pé da árvore da Castanheira . Nessa mesma árvore tem um casal de Bem-te-Vi, que todos os dias também frequentam o mesmo local. De repente as araras voaram e outros pássaros também, e abandonaram juntas a árvore. Logo a seguir, o Bem-te-vi também. Observei que o Bem-te-Vi macho começava a chamar a sua companheira,. Eles nunca se separam, todos os dias eu os vejo da minha janela. Ele a princípio cantava imitando o seu nome, depois mudou, Não era mais um canto, era um grito de desespero, gritou de três formas diferentes. Já estava ficando escuro, e eu ali, até orei por ele porque vi que algo anormal estava acontecendo. Como pássaros não voam à noite, ele posicionou-se em uma árvore ao lado. Esta manhã, eram cinco horas, despertei com os seu canto triste, pois no final era como um ronco. O Bem-te-Vi estava sofrendo! A sua companheira tinha desaparecido. Outros passarinhos começaram a cantar e a voar, mas ele calou. Não sei se alguma outra ave predadora a capturou. Estou na expectativa, esperando que ela possa aparecer.
Fico pensando, nesses dias que estamos vivendo de um completo desamor entre os humanos, os informes policiais são um festival de barbáries, os repórteres não têm culpa, é o informe do dia a dia. Parece que seres humanos planejam formas mais cruéis para se desfazer daqueles que eles têm por desafetos. Como seria lindo se os homens tivessem o sentimento e o coraçãozinho do aflito Bem-te-Vi ! "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" I João 4:7 Deus seja louvado!


ELE VOLTOU! O Bem-Te-Vi VOLTOU
 Estes últimos dias tenho estado ansiosa, esperando o Bem-te-Vi , mas ele não apareceu. .Para minha surpresa, hoje, cinco horas da manhã, desperto com o seu canto mais alegre, porém sem o tradicional bem-te-vi, que faz jus ao seu nome. Estava cantando na Castanheira em meio as folhas e ainda um pouco escuro, eu não podia vê-lo . De repente ele voou para o fio de telefone que fica frente a minha janela, estava só, levou um tempo ali e a cada instante fazia a sua chamada e ficava esperando. Não mais aquele canto desesperador. Estava mais tranquilo e mais feliz.
Teria passado o tempo do seu luto? Ou seria um chamado para uma nova conquista? -Quem sabe? Pensamos, tão rápido passou o seu luto? Pode ser, as aves são diferentes, e seu coração é bem menor!
Davi diz em um de seus Salmos, "...Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã". Sl.30:5b.
Todos, tememos a noite, os enfermos nos lares, ou nos hospitais, sentem tristeza porque parece que as dores aumentam, as horas custam a passar. Os guardas, os vigias, os soldados de plantão, aguardam com ansiedade pelo romper da manhã, as noites são frias, as câimbras atacam.
" A minha alma anseia pelo SENHOR, mais do que os guardas pelo romper da manhã, sim, do que aqueles que esperam pela manhã". Sl.130:6 . Mas quando os primeiros raios do sol
aparecem, a alegria enche o coração. Na nossa vida nós temos noites e noites, podemos chorar por uma perda de um ente querido, ou o fim de um relacionamento. Também podemos chorar pela incerteza do dia de amanhã. Vamos confiar, a promessa é que pela manhã virá a alegria, a resposta que precisamos, a bênção que necessitamos. O melhor é cantar, fazer como o Bem-te-Vi, cantar e cantar. Deus merece o nosso louvor, ainda que o pior aconteça, ele continua sendo o Deus de amor, "... que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra", Sl.113:6.
Deus seja louvado!
 Missionária Rosa Maria Ferreira Cunha