Estava pensativa, de repente comecei a rir, é que lembrei de
um fato ocorrido na minha infância. Minha mãe costurava muito bem, sempre ela
tinha costura para fazer.
Na nossa Casa Grande (assim a chamávamos) havia um cômodo
pequeno perto da cozinha e ali estava a máquina de costura da mamãe, uma Singer
de pedal e um grande espelho.
Minha mãe cozinhava e costurava ao mesmo tempo. Nosso quintal
era grande, naquela época em Belém os quintais eram grandes. Papai viajava para
o baixo Amazonas e como ele gostava de ver o quintal cheio de animais, quando
voltava da viagem trazias vários animais. Tínhamos papagaio, araras jabuti (naquela
época não era proibido), perus, galinha comum e galinha d’angola etc.
Papai mandou fazer um lago no final do nosso terreno
aproveitando um filete de água que corria, ali tínhamos peixes e os patos
nadavam com seus patinhos amarelinhos.
Era bonito ouvir o canto dos animais, após colocarem os ovos
as galinhas cantavam e nós íamos recolher os ovos, e as galinhas d’angola
cantavam o seu tradicional tô fraco, tô fraco, tô fraco!
Mas o motivo do meu riso foi a lembrança de um lindo galo,
que era o xodó do papai, ele era cor de mel, grande, alto, imponente, tinha uma
linda crista, e cantava muito forte. Quando ele batia as asas para cantar se
ouvia o barulho na vizinhança.
Acontece que quando a mamãe se descuidava e deixava a porta
aberta da cozinha, o galo entrava e ao ver a sua imagem refletida no espelho,
acreditava ser de outro galo e começava a brigar, dando bicadas no espelho. Algumas vezes a mamãe não ouvia
pelo barulho da máquina e a panela de
pressão, e quando ela levantava para olhar a panela, ali estava o galo exaurido
e abatido de tanto brigar. Mamãe o tirava daquele ringue imaginário e colocava água fria na cabeça dele.
Moral da estória: As vezes as pessoas sofrem, porque conflitam consigo mesmo. A Bíblia diz:
Lançando sobre Ele Ele toda a vossas ansiedade, porque ele tem cuidado
de vós . Ipe.5:7
Rosa Maria Ferreira Cunha