CONHECENDO A MULHER DE JÓ

Uma das histórias mais dramáticas da Bíblia é sem dúvida a de Jó (Jó 1;12-21 e 2;8-10). Rico, admirado por todos e temente a Deus, uma família abençoada, mas que mergulhou num turbilhão de aflições. Jó era o personagem central, mas ninguém sofre só, e como numa tempestade, envolve esposa, filhos, parentes etc.

A esposa de Jô tem sido execrada impiedosamente ao longo das décadas por inúmeros pregadores, no entanto, se vê que Jó não tinha outra mulher, ainda que naquele tempo fosse permitido. Aquela mulher era amada por seu esposo, era muito família e mãe de 10 filhos aos quais criou e educou, tornando-os bons jovens. Era também uma boa anfitriã. Uma mulher má, iracunda, põe pra correr as visitas, mas a casa dela vivia cheia de amigos. Era uma excelente dona de casa, tinha muitos criados e empregadas que estavam sob a sua supervisão e administração. Porém, desde o dia em que Satanás pediu a Deus para tocar a vida de Jó que os sonhos daquela mulher se transformaram em pesadelo. Quando isso aconteceu, todos o abandonaram somente ela ficou ao lado do esposo e a sua vida vinha sendo massacrada dia após dia. Vieram os assaltos dos inimigos com perda de bens; assaltos na fazenda com perda de servos; fogo do céu com perda de rebanhos, desabamento da casa com a perda dos 10  filhos. Alguém pode imaginar o que isso significa? Nessas horas é que se precisa de um amigo, mas os amigos se foram e, por ultimo, a saúde de seu esposo, cuja carne ia-se desintegrando diante de seus olhos. Ela estava vivenciando um tremendo sentimento de perda, a terrível perda dos filhos, dos bens, status, empregados, mordomia, amigos etc. Um sentimento de derrota certamente lhe envolvia. Havia uma crença, que também existe no interior do Brasil, de que as pessoas enfermas não morrem, mas ficam penando até que se desprenda de algo que o tem ligado a vida; enquanto isso não ocorrer a pessoa não pode morrer, ou seja descansar. Foi aí que acabou proferindo aquela frase mal colocada ou mal pensada. Talvez ela quisesse dizer: Amaldiçoa, desliga-te de tudo que te prende a vida para que possas morrer em paz. Quantas vezes abrimos a boca e dizemos coisas que não gostaríamos de falar?  Parece que o mundo desaba quando perdemos um ente querido, alguém que era um referencial para a família. Aquela mulher passou por isso e com certeza estava fragilizada. Deve ter sido vítima dos oportunistas que tentam usurpar os seus pertences quando vêem que você está necessitada. Aqueles que se aproveitam e oferecem uma “bagatela” pela sua casa, o único bem que te resta. Jó não disse “você continua me fazendo sofrer” ou “você é uma carga para mim”, disse apenas “mulher, falas como as loucas...”. Jó fez valer sua liderança no lar: “O Senhor deu, o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor...Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos o mal?”. Esposo valorize sua família, a sua esposa, que é emocionalmente mais frágil. Dê a ela e aos seus filhos suporte, porque no momento da crise, quando tudo vai mal, são eles que ficam ao seu lado. Diante de tudo isso Jó não pecou. Não existe razão para abandonarmos a Deus, Paulo disse: “Porque estou certo que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir. Nem altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm.8:38,39 ). Muitos buscam “boas” razões para abandonar a fé, abandonar a igreja. Nós precisamos servir a Deus acima de qualquer circunstância. Jó disse: Bem sei que tudo podes, e nenhum de teus planos podem ser frustrados (Jó 42:1). Comece tudo de novo, Jó recomeçou; Deus lhe deu tudo em dobro: saúde, bens, amigos, filhos etc. Mas a mulher... a mulher foi a mesma, a sua amada, a sua companheira. RMC.